19 de dez. de 2010

Aviso

     Olá leitores do IP (Infinitas Palavras).
     Recebtemente eu parei para pensar um pouco sobre o Infinitas Palavras e eu vi que a minha atitude com o blog é demasiada infantil, talvez seja porque seja a primeira vez que eu me envolvo em um projeto tão importante, porém, isso não é desculpa para não ter responsabilidade e maturidade suficiente. Por isso, de agora em diante eu pretendo deixar as coisas menos infantis, pesar de no primeiro post do blog estar escrito "Bem, eu sei que já existem um número gigantesco de blogs que falam sobre livros, e todos, pelo menos os que eu já vi, foram criados por pessoas 'adultas'..." eu mudei e amadureci. Não que isso signifique que o blog sera feito por um adulto, afinal não quero me tornar 'adulta' ainda, mais, a minha visão sobre determinadas coisas mudou nesses mais de quatro mesês.
     A primeira munça sera as resenhas. Eu não tinha muita ideia do que era uma resenha, mais eu sentia um desejo incontrolavel de falar sobre o que eu lia. Eu percebi nesse tempo que uma resenha é muito mais que falar o que você achou de um livro, mas sim falar sobre o livro, seu ponto positivos e negativos, sobre os personagens, etc. Por isso agora eu vou tentar me prender em determinadar regras, são elas:
  1. Identificar a Obra - isso quer dizer que eu vou citar o autor, a editora, a categoria, as paginas e a sinopse, além de colocar também a capa do livro. (isso ja estava sendo feito, ao menos em parte, e vai continuar pois julgo ser importante)
  2. Descrever o conteudo - apartir de agora, antes de fazer qualquer analise e emitir qualquer opinião, um breve resumo do livro sera feito.
  3. Analise - assim como antes, sera feita uma analise do livro, porem agora, sera apontado pontos julgados importantes, por mim, do livro. Também será emitida a minha opinião.
     Bem, eu acho que por enquanto é isso, espero que vocês continuem aconpanhando o IP.
     Até. . .

16 de dez. de 2010

O Rei das Fraudes

O Rei das Fraudes

Autor: Jonh Grisham

Editora: Rocco

Categoria: Literatura Estrangeira/ Romance

Sinopse:  Brilhante e cuidadosamente concebido, "O Rei das Fraudes", novo thriller do consagrado John Grisham, conta como um jovem e bem intencionado advogado se envolve num imenso dilema moral. O gabinete do defensor público não é certamente o lugar ideal para o treinamento de advogados jovens e brilhantes. Clay Carter estava ali havia muito tempo e, como muitos de seus colegas, sonhava com um emprego melhor em uma firma de verdade. Quando, relutantemente, ele se encarrega do caso de um jovem advogado acusado de assassinato, supõe tratar-se de mais um dos muitos crimes sem sentido que assolam a metrópole todas as semanas. Ao pesquisar o histórico de seu cliente, Clay descobre uma terrível e inacreditável conspiração. Então, de repente, encontra-se no meio de um caso complexo, envolvendo uma das maiores companhias farmacêuticas do mundo. Ao passar a considerar um acordo de imensas proporções, modifica totalmente sua vida. Transforma-se da noite para o dia, no novo rei da fraude.

Opinião: O livro é muito bom. A trama o livro é boa e os fatos são em ligados, o problema é que é cansativo ler “O Rei das Fraudes”, a leitura se arrasta, e não conseguiu me prender direito, teve partes que eu não conseguia largar o livro, porem avia partes que eu demorei séculos para ler.
     “O Rei das Fraudes” na verdade é um livro bem simples, daquele que tem uma moral bem clara do inicio ao fim. Clay Carter, o personagem principal, vive na pele que “se as coisas não são conseguidas de maneira honesta e com o próprio esforço elas acabam mal”. O livro mostra exatamente o dinheiro subindo a cabeça de um cara que não tinha nada e as conseqüências desastrosas que isso trás.
     Os personagens são ótimos, eles mudam ao longo do tempo. E as historias de cada um são bem colocadas no livro.
     O final do livro é esperado, perfeitamente previsível, até porque talvez se o final fosse diferente, “inesperado”, talvez ia ter ficado uma bosta. 

Nota: 3/5

11 de dez. de 2010

Escritor da Semana #4

Stieg Larsson

     Stieg Larsson nasceu em Skelleftehamn, Suécia no dia 25 de julho de 1954. Ele trabalhou como jornalista e escritor, sendo Larsson um dos mais influentes jornalistas da Suécia. 

     Stieg morreu em 2004, com 50 anos, pouco depois de entregar os manuscritos da sua magnum opus, a Trilogia Millennium. 

      Site oficial (em ingjês) : http://www.stieglarsson.com/

7 de dez. de 2010

Escritor da Semana #3

Christopher Reich

     Christopher nasceu em 12 de novembro de 1961 na cidade de Tóquio, Japão. Ele se mudou para os Estados Unidos em 1965, país em que mora até hoje. Reich se formou em Relações Internacionais pela Georgetown University (Universidade de Georgetown). Na Suíça, trabalhando em um banco, Reich tece a inspiração para o seu primeiro livro Numbered Account (Conta Numerada, publicado no Brasil pela Best Seller Ltda ) no segundo dia de trabalho. Depois disso Christopher decidiu dedicar-se apenas a literatura.
     Além de “A Farsa” e “Conta Numerada”, Reich teve outros livros publicados no Brasil, como, “O Primeiro Bilhão”, “A Vingança” e “O Leão Branco”
     Site oficial (em inglês): http://www.christopherreich.com/index2.htm
     Blog (em inglês):  http://blog.christopherreich.com/

4 de dez. de 2010

Aquisição

     Bem, hoje eu fui na Saraiva com meu pai e consegui um livro novo! \o/
     E o livro éééééééééééééééééé....


  • Cavalo de Tróia 1 de J. J. Benítez

1 de dez. de 2010

Kissing Coffins (Beijando Caixões)

Kissing Coffins
(Beijando Caixões)

Autor: Ellen Schreiber

Editora: Harpercollins Usa
  
Categoria: Literatura Infanto-Juvenil/ Literatura Juvenil/ Literatura Estrangeira

Sinopse: Depois de encontrar o lindo e sombrio Alexander Sterling, o mundo escuro da garota gótica Raven ficou radiante, um novo brilho. Mas como em seu filme favorito, Kissing Coffin, Raven sabe que o amor sempre tem suas complicações, especialmente quando Alexander tem um segredo, um segredo que ela tem que guardar em silêncio. Quando ele misteriosamente desaparece, Raven se encontra em uma perigosa caçada para achá-lo. O que ela encontra é mais aterrorizante do que ela havia imaginado, incluindo uma decisão que transformará sua vida a qual ela pode não estar pronta para afundar os dentes.

Resenha: Bem, eu decidi dar uma chance para a serie “Vampire Kisses”, e não me arrependi. Não que “Kissing Coffins” seja uma obra prima, mas foi bom ler o livro porque eu pude ver que os personagens evoluíram e ficaram mais ‘reais’.
     Acho que teve mais duas coisas que fizeram “Kissing Coffins” melhor que “Vampire Kisses”, primeiro, agora há um vilão de verdade na história, Jagger! Tudo bem que ele é meio sem sentido, mas mesmo assim, ele dá um toque todo especial no livro, na verdade a Luna também faz isso. E segundo, as coisas ‘bobinhas’ acontecem com menos freqüência, é claro que ainda tem um pouquinho, mais as coisas bestas não aconteceram.
     Em suma, creio a história melhorou porque os personagens ficaram mais complexos, entende? Afinal o livro não é mais sobre os boatos que rondam Alexander, mais sim sobre a relação entre Alexander e seu passado.
     A única coisa que realmente me irritou bastante foi o filme “Kissing Coffins” que é citado tora hora, acho q em todo capitulo é possível encontrar o nome do filme, ficou meio forçado, apesar de ser meio proposital devido ao nome do livro. AH! Bem, falando em coisas forçadas, o clima gótico fajuto ainda continua, mais creio que não tão mais forçado, não sei se isso acontece devido ao fingimento do clima gótico ter diminuído ouse eu simplesmente eu me acostumei com o clima do livro.

OBS: O livro ainda não foi publicado no Brasil 

Nota: 1//5

29 de nov. de 2010

Vampire Kisses (Beijos de Vampiro)

Vampire Kisses
(Beijos de Vampiro)

Autor: Ellen Schreiber

Editora: Harpercollins Usa (Editora Moderna na versão brasileira)


Categoria: Literatura Infanto-Juvenil/ Literatura Juvenil/ Literatura Estrangeira

Sinopse: Novos moradores sempre causam impacto quando chegam a uma cidade pequena. Ainda mais se vão morar em uma velha mansão abandonada, que todos juram ser mal-assombrada. Quem são, ou melhor, o que são eles? Poderiam ser vampiros?
Raven, uma garota de 16 anos, louca pelas criaturas das trevas, gostaria muito que isso fosse verdade. E ela gostaria de saber o que poderia acontecer caso o lindíssimo filho dos forasteiros a beijasse.

Renha: Sejamos sinceros, “Vampire Kisses” é uma bosta!
     O enredo do livro é muito fraco e a história toda é muito forçada num clima gótico totalmente fajuto. Alem de que, as coisas mais bizarras acontecem em “Vampire Kisses”.
     Primeiramente, falemos do enredo fraco. O livro conta a historia de uma garota “gótica” que sonha em se transformar numa vampira e passar o resto dos seus dias em um cemitério com o amor da sua vida (no caso, o cara que a transformasse em vampira). Até ai, ok, o problema é que ate o “príncipe vampiro” aparecer, a Raven (que é a protagonista) fica ‘pegando’ o garoto que ela mais odeia na face da terra! Chega a ser absurdo! Mais tudo bem, superemos isso. Tenho que citar também que quase 50% do livro é sobre rumores sobre os novos moradores serem vampiros ou não, e quem espalho esses rumores é o maior inimigo da Raven, que fez isso sem motivo nenhum.
     Agora, vamos ao clima gótico fajuto. Eu acho que a Ellen Schreiber não sabe o que são góticos, porque ser gótico em “Vampire Kisses” resume-se basicamente em usar roupas pretas.
E finalmente as coisas bizarras que acontecem. MEU DEUS! UMA GAROTA DO JARDIM DE INFÂNCIA NÃO SABE O QUE É UM VAMPIRO, E MUITO MENOS DESEJA SE TRANFORMAR EM UM! Crianças do jardim de infância sonham em serem bombeiros, enfermeiras, veterinários, não vampiros! Além do que, uma pessoa não lembra do seu jardim de infância.
     É claro que tinha muito mais exemplos para dar, mais ai que graça ia ter ler o livro? Nenhuma. Bem, em suma é isso, a historia é fraca, os personagens mal elaborados (o fato da historia ter vampiros não salva o livro), coisas extremamente bizarras e um clima forçado.
  
OBS: É claro que o que eu escrevi é a MINHA opinião, e de mais ninguém. Eu simplesmente achei o livro péssimo, assim como tem gente que pode ter achado o melhor livro do mundo, é tudo uma questão de gosto. E como minha dinda diz “Gosto é que nem bunda, cada um tem a sua”.

Nota: 1/5

Capa Brasileira:

28 de nov. de 2010

Cidade de Ladrões

Cidade de Ladrões

Autor: David Benioff

Editora: Alfaguara


Categoria: Literatura Estrangeira/ Romance/ Histórico

Sinopse: Em Cidade de ladrões, um jovem escritor, convidado para escrever um ensaio autobiográfico, decide trocar o relato de sua própria vida, "intensamente maçante", pela história do avô, que combateu os alemães durante o cerco a Leningrado, na Segunda Guerra Mundial. Relutante, o avô aceita contar, pela primeira vez, o que ocorreu naqueles dias: uma odisséia de dois jovens determinados a sobreviver a todo custo, em meio ao frio, à fome, à loucura dos oficiais russos e ao perigo iminente do Exército alemão.
      O mote do romance de David Benioff, conhecido roteirista de cinema, é inspirado na história real de seus avós, cujo sobrenome russo ele decidiu adotar profissionalmente. Freedman é o nome de batismo de David Benioff, autor de roteiros como O Caçador de Pipas, Tróia e X-Men - Wolverine.
      Lev Beniov, protagonista deste romance que tem como pano de fundo eventos marcantes da História contemporânea, é um jovem tímido e solitário. Preso pelos russos por não respeitar o toque de recolher, acaba dividindo a cela com Kolya, um rapaz carismático, acusado de abandonar a frente de batalha. Para que não sejam executados, os dois recebem de um coronel uma missão aparentemente impossível: encontrar, na cidade gelada e sem alimentos, uma dúzia de ovos para que a filha do oficial tenha um bolo de casamento decente.
      Esse é o início de uma jornada às mais perigosas zonas de guerra - povoadas por canibais, prostitutas, crianças esfomeadas e implacáveis nazistas -, mas que os leva a conhecer o valor da verdadeira amizade e, no caso de Lev, à descoberta do primeiro amor
Resenha: Uma lição de amizade.
     Eu poderia falar apenas isso “Uma lição de amizade” e a resenha já estaria completa, mas ai que lesse não ia entender porr* nenhuma.
Segunda guerra mundial, Hitler contra o mundo, e em meio esse caos é contada a história de jovem russo judeu. O livro todo é uma grande lição de amizade, medos, coragem e amor, porem o mais marcante é a amizade. Os tempos de guerra são difíceis, as pessoas pensam apenas em sobreviver, mesmo que isso signifique passar por cima de tudo e todos. Agora imagina como seria em plena guerra, você morrendo de fome construindo uma amizade profunda de verdadeira em uns 5 dias. A maioria das pessoas iam pensar apenas em si mesmas, abandonar o companheiro, mais “Cidade de Ladrões” mostra que existem valores que não devem ser esquecidos nunca.
     Bem, eu sei que eu falei pouco sobre o livro, mais é como eu falei antes apenas “Uma lição de amizade” era o suficiente, quem chegar a ler esse livro vai entender o porque...

Nota: 5/5

Trecho: Nunca tínhamos sentido tanta fome; nunca tínhamos sentido tanto frio. Quando dormíamos, se dormíamos, sonhávamos com as delícias que tínhamos comido de maneira tão descuidada sete meses antes — todo aquele pão com manteiga, os bolinhos de batata, as salsichas — comidos com desatenção, engolindo sem sentir o gosto, deixando grandes sobras em nossos pratos, restos de gordura. Em junho de 1941, antes de os alemães chegarem, achávamos que éramos pobres. Mas junho fi cou parecendo o paraíso quando veio o inverno. À noite o vento soprava com tanto barulho e durante
tanto tempo que nos assustávamos quando ele parava. As dobradiças das janelas do café abandonado que fi cava na esquina paravam de ranger por alguns segundos agourentos, como se um predador estivesse se aproximando e os animais menores fi casse em silêncio, aterrorizados. As próprias janelas haviam sido arrancadas em novembro para serem usadas como lenha. Não havia mais restos de madeira em Leningrado. Todas as placas de madeira, os sarrafos dos bancos do parque, as tábuas do assoalho das casas despedaçadas — tudo havia desaparecido, queimado
no fogão de alguém. Os pombos também tinham desaparecido, pegos e cozidos em gelo derretido do Neva. Ninguém se importava em abater os pombos. Eram os cachorros e gatos que causavam problema. Ouvimos um boato em outubro de que alguém tinha assado o vira-lata da família e cortado em quatro para servir na ceia; demos risada e balançamos a cabeça, sem acreditar, e também nos perguntando se cachorro não teria um gosto bom com bastante sal — ainda havia muito sal, mesmo quando todo o resto acabou, nós tínhamos sal. Por volta de janeiro, os boatos haviam se tornado fatos comuns. Tirando aqueles que eram bem relacionados, ninguém mais conseguia alimentar um animal de estimação, então os bichinhos nos alimentavam.
Havia duas teorias sobre os gordos versus os magros. Alguns diziam que aqueles que eram gordos antes da guerra tinham
mais chance de sobrevivência: uma semana sem comida não iria transformar um homem gorducho em um esqueleto. Outros diziam que as pessoas magricelas estavam mais acostumadas a comer pouco e podiam lidar melhor com o choque da fome. Eu me posicionava no segundo grupo, totalmente por interesse próprio. Fui raquítico desde que nasci. Nariz grande, cabelo preto, a pele rabiscada pela acne — reconheço que eu não era o ideal de bom partido de nenhuma garota. Mas a guerra me tornou mais atraente. Outros defi nhavam à medida que os cartões de racionamento eram cada vez mais reduzidos, diminuindo pela metade aqueles que pareciam os fortões de circo antes da invasão. Eu não tinha músculos para perder. Como os pequenos roedores que continuaram vivendo de porcarias enquanto os dinossauros tombavam ao redor deles, eu estava preparado para a privação. Na véspera do ano-novo me sentei no telhado do Kirov, o prédio de apartamentos onde morei desde os cinco anos (embora ele não tivesse nome até 1934, quando Kirov foi assassinado e metade da cidade recebeu seu nome), olhando os dirigíveis antiaéreos cinzentos e rechonchudos como um enxame sob as nuvens, à espera dos bombardeiros. Naquela época do ano o sol fi cava no céu por apenas seis horas, apressando-se para atravessar
de um horizonte a outro como se estivesse assustado. Todas as noites quatro de nós fi cávamos no telhado em turnos de três horas, armados com baldes de água e de areia, tenazes de ferro e pás, vestindo todas as camisas, suéteres e casacos que pudéssemos encontrar, vigiando os céus. Nós éramos os bombeiros. Os alemães tinham decidido que atacar a cidade seria muito custoso, então, em vez disso, eles nos cercaram, pretendendo nos matar de fome, jogando bombas e queimando tudo.
Antes da guerra mil e cem pessoas moravam no Kirov. Quando o ano-novo chegou, esse número estava perto de quatrocentos. A maioria das crianças pequenas fora evacuada antes que os alemães fechassem o cerco em setembro. Minha mãe e minha irmã menor, Taisya, foram para Vyazma para fi car com o meu tio. Na noite antes de partirem, eu briguei com minha mãe, na única briga que tivemos — ou, mais exatamente, a única vez em que reagi. Ela queria que eu fosse com elas, é claro, longe dos invasores, bem no centro do país, onde os bombardeiros não poderiam
nos encontrar. Mas eu não ia abandonar Piter. Eu era um homem, ia defender a minha cidade, seria uma Nevski do século
XX. Talvez eu não fosse assim tão ridículo. Eu tinha um bom argumento: se cada pessoa fi sicamente capaz fugisse, Leningrado cairia nas mãos dos fascistas. E sem Leningrado, sem a Cidade dos Trabalhadores construindo tanques e fuzis para o Exército Vermelho, que chances a Rússia teria? Minha mãe achava que era um argumento idiota. Eu
mal tinha completado dezessete anos. Não soldava blindagens nas fábricas e não poderia me alistar antes de quase um ano. A defesa de Leningrado nada tinha a ver comigo; eu era apenas mais uma boca para alimentar. Eu ignorava esses insultos.
— Sou bombeiro — disse-lhe, porque aquilo era verdade, o conselho municipal havia ordenado a criação de dez mil
unidades de bombeiros, e eu era o orgulhoso comandante da Brigada do Quinto Andar do Kirov. Minha mãe não tinha quarenta anos, mas seu cabelo já estava grisalho. Ela estava sentada na minha frente à mesa da cozinha, segurando uma de minhas mãos entre as suas. Era uma mulher muito pequena, mal chegava a um metro e meio, e tive medo dela desde o meu nascimento.
— Você é um idiota — disse ela.
Talvez isso possa soar ofensivo, mas minha mãe sempre me chamava de “meu idiota”, e àquela altura eu considerava a
palavra um apelido afetuoso.
— A cidade estava aqui antes de você. Ela vai estar aqui depois de você. Taisya e eu precisamos de você.
Ela estava certa. Um fi lho melhor, um irmão melhor, teria ido com ela. Taisya me adorava, pulava sobre mim quando eu chegava da escola, lia para mim uns poeminhas tolos que ela escrevia como dever de casa, para honrar os mártires da revolução, desenhava caricaturas de meu perfi l narigudo em seu caderno. Geralmente eu queria estrangulá-la. Eu não tinha vontade de atravessar o país com minha mãe e minha irmã menor. Eu tinha dezessete anos, inundado em uma crença em meu próprio destino heróico.
A declaração de Molotov durante seu discurso pelo rádio no primeiro dia da guerra (NOSSA CAUSA É JUSTA. O INIMIGO SERÁ DERROTADO. NÓS TRIUNFAREMOS.) havia sido impressa em milhares
de cartazes que foram colados nos muros da cidade. Eu acreditava na causa; não ia fugir do inimigo; não ia fi car fora do triunfo. Mamãe e Taisya partiram na manhã seguinte. Elas foram de ônibus uma parte do caminho, conseguiram carona em
caminhões do Exército, e andaram por quilômetros intermináveis nas estradas do campo com suas botas de solas abertas. Levaram três semanas para chegar lá, mas conseguiram, fi nalmente seguras. Ela me mandou uma carta descrevendo a jornada, o terror e o cansaço. Talvez quisesse me fazer sentir culpa por tê-las abandonado, e eu senti, mas também sabia que era melhor que elas tivessem ido embora. O grande combate estava próximo e a linha de frente não era lugar para elas. No dia 7 de outubro os alemães tomaram Vyazma, e parei de receber cartas dela. Eu gostaria de dizer que sentia falta das duas depois que foram embora, em algumas noites me sentia solitário, e sempre sentia falta da comida que minha mãe fazia, mas desde pequeno sonhei em viver por conta própria. Minhas histórias favoritas eram protagonizadas por órfãos diligentes que atravessavam a fl oresta escura, sobrevivendo a todos os perigos com esperteza, levando a melhor sobre seus inimigos, encontrando seu destino no meio de suas perambulações. Eu não diria que estava feliz
— nós todos estávamos com fome demais para estarmos felizes —, mas eu acreditava que aqui fi nalmente estaria o Signifi cado. Se Leningrado caísse, a Rússia cairia; se a Rússia caísse, o fascismo conquistaria o mundo. Todos nós acreditávamos nisso. E ainda acredito. Eu era jovem demais para o Exército, mas tinha idade sufi ciente para cavar valas antitanque durante o dia e guardar os telhados à noite. Na minha equipe estavam os meus amigos do quinto andar — Vera Osipovna, uma talentosa violoncelista, os gêmeos ruivos Antokolsky, cujo único talento conhecido era a habilidade de peidar em harmonia. Nos primeiros dias da guerra nós fumávamos no telhado, fazendo poses de soldados, fortes, corajosos e de queixo reto, vigiando os céus à procura do inimigo. No fi nal de dezembro não havia mais cigarros em Leningrado,
pelo menos nenhum feito com tabaco. Algumas almas desesperadas esmagavam folhas caídas, enrolando-as em papel,
que chamavam de Luzes de Outono, afi rmando que as folhas certas proporcionavam um cigarro decente, mas no Kirov, longe da mais próxima árvore que ainda estava em pé, aquilo nunca foi uma opção. Passávamos nossos momentos de folga caçando ratos, que devem ter achado que o desaparecimento dos gatos da cidade era a resposta a todas as suas preces mais antigas, até que perceberam que não havia mais nada para comer no lixo. Depois de meses de bombardeios, sabíamos identifi car os diversos aviões alemães pelo som de seus motores. Naquela noite eram os Junkers 88, como vinha sendo há semanas, substituindo os Heinkel e os Dornier que nossos combatentes agora conseguiam acertar com facilidade. Por mais triste que nossa cidade tivesse fi cado sob a luz do dia, à noite havia uma estranha beleza no cerco. Do telhado do Kirov, quando havia lua, podíamos ver toda Leningrado: a torre de ponta de agulha do Almirantado (pintada com tinta cinza para ocultá-la dos bombardeiros); a Fortaleza de Pedro e Paulo (os pináculos envolvidos em malha de camufl agem); as abóbadas de Santo Isaac e o Templo do Salvador sobre o Sangue. Podíamos ver as equipes controlando as armas antiaéreas sobre os telhados dos prédios vizinhos. A Frota do Báltico havia ancorado no rio Neva; fi caram fl utuando ali, gigantescas sentinelas cinzentas, disparando seus enormes canhões das plataformas da artilharia nazista.
Os combates aéreos eram muito bonitos. Os Ju-88 e os Sukhoi circulavam sobre a cidade, invisíveis do chão, a menos
que fossem pegos pelos fachos dos potentes holofotes. Os Sukhoi tinham enormes estrelas vermelhas pintadas na parte de baixo de suas asas, para que nossas armas antiaéreas não atirassem neles. Em intervalos de poucas noites, víamos uma batalha iluminada como se fosse um palco, os bombardeiros alemães, mais pesados e lentos, inclinavam as asas de maneira acentuada, para permitir que seus atiradores mirassem nos velozes caças russos. Quando um Junkers era abatido, a carcaça em chamas do avião caindo como um anjo expulso do paraíso, um enorme grito de desafi o erguia-se dos telhados por toda a cidade, todos os atiradores e bombeiros erguendo os punhos fechados para saudar o piloto
vitorioso. Nós tínhamos um pequeno rádio conosco no telhado. Na véspera de ano-novo, ouvimos os carrilhões do relógio Spassky em Moscou tocando a Internacional. Vera havia encontrado meia cebola em algum lugar; ela a cortou em quatro pedaços em um prato com óleo de girassol. Depois que a cebola desapareceu, limpamos a sobra do óleo com nossa ração de pão. O pão que recebíamos não tinha gosto de pão. Não tinha gosto de comida. Depois que os alemães bombardearam os armazéns de grãos de Badayev, as padarias da cidade tornaram-se criativas. Tudo que pudesse ser acrescentado à receita sem envenenar as pessoas era acrescentado. A cidade inteira estava morrendo de fome, ninguém tinha o sufi ciente para comer, mas mesmo assim todo mundo xingava o pão, o gosto de serragem, o jeito que ele endurecia no frio. Pessoas quebraram dentes tentando mastigálo. Mesmo hoje, mesmo tendo esquecido o rosto das pessoas que
amei, eu ainda me lembro do gosto daquele pão. Meia cebola e um pão de 125 gramas divididos por quatro
— isso era uma refeição razoável. Ficávamos deitados de costas, embrulhados em cobertores, observando os dirigíveis presos em seus longos cabos fl utuando ao vento, ouvindo o metrônomo no rádio. Quando não havia música ou notícias, a estação de rádio transmitia o som de um metrônomo, o tic-tic- tic interminável informando-nos que a cidade ainda não fora conquistada, que os fascistas ainda estavam fora dos portões. O som do metrônomo no rádio era o coração pulsante de Piter, e os alemães nunca o silenciaram.
Foi Vera quem viu o homem caindo do céu. Ela gritou e apontou, e todos fi camos em pé para ver melhor. Um dos holofotes
brilhava sobre um pára-quedista que descia em direção à cidade, a seda do pára-quedas como uma tulipa branca acima dele.
— Um Fritz — disse Oleg Antokolsky, e ele estava certo; nós conseguíamos ver o uniforme cinza da Luftwaffe.
De onde teria vindo? Nenhum de nós tinha ouvido sons de combate aéreo, nem o estrondo de uma arma antiaérea. Não
ouvíamos um bombardeiro passar por lá havia quase um hora.
— Talvez tenha começado — disse Vera.
Durante semanas estivemos ouvindo rumores de que os alemães estavam preparando um lançamento maciço de soldados
pára-quedistas, um ataque fi nal para arrancar o miserável espinho de Leningrado do traseiro do exército que avançava. A
qualquer minuto esperávamos olhar para cima e ver milhares de nazistas fl utuando em direção à cidade, uma nevasca de páraquedas brancos encobrindo o céu, mas dúzias de holofotes rasgaram a escuridão e não encontraram mais inimigos. Havia apenas aquele ali, e a julgar pela moleza do corpo suspenso pelas correias do pára-quedas, já estava morto.
Ficamos observando enquanto ele descia, congelado na luz do holofote, baixo o sufi ciente para podermos ver que havia
perdido uma de suas botas pretas.
— Ele está vindo na nossa direção — falei. O vento levou-o para a rua Voinova. Os gêmeos se
entreolharam.
— Luger — disse Oleg.
— A Luftwaffe não usa Lugers — disse Grisha. Ele era cinco minutos mais velho e a autoridade em armamento nazista.
— Walther PPK.
Vera sorriu para mim.
— Chocolate alemão.
Corremos para a porta da escadaria, abandonando nossas ferramentas de bombeiro, e descemos correndo no escuro.
Nós éramos idiotas, é claro. Um escorregão em um daqueles degraus, sem gordura ou músculos para amortecer a queda, significava um osso quebrado, e um osso quebrado signifi cava a morte. Mas nenhum de nós se importava. Éramos muito jovens, e um alemão morto estava caindo na rua Voinova trazendo presentes da Vaterland.
Atravessamos o pátio correndo e escalamos o portão trancado. Todos os postes da rua estavam apagados. A cidade
toda estava no escuro — para tornar mais difícil o trabalho dos bombardeiros e porque a maior parte da eletricidade tinha sido desviada para as fábricas de munição —, mas a lua oferecia claridade o bastante para enxergarmos. A Voinova estava desimpedida e deserta, seis horas depois do toque de recolher. Não havia carros à vista. Apenas os militares e o governo tinham acesso a gasolina, e todos os automóveis civis tinham sido requisitados durante os primeiros meses da guerra. Tiras de papel atravessavam as vitrines das lojas, o que, segundo nos dizia o rádio, tornava-as mais resistentes à quebra. Talvez aquilo fosse verdade, embora eu tivesse passado na frente de muitas lojas em Leningrado onde só o que
havia sobrado nas vitrines era uma tira de papel pendurada. Já na rua, olhamos para o céu, mas não conseguimos
encontrar nosso homem.
— Para onde ele foi?
— Você acha que ele caiu em um telhado?
Os holofotes estavam vasculhando o céu, mas todos estavam montados no topo dos prédios altos e nenhum deles tinha
ângulo para iluminar a rua Voinova. Vera deu um puxão na gola de meu sobretudo, um enorme casaco da marinha que eu havia herdado de meu pai e que ainda era grande demais para mim, mas mais quente do que qualquer outra roupa que tinha. Eu me virei e o vi deslizando em direção à rua, o nosso alemão, a bota preta única deslizando sobre a calçada congelada, o enorme pára-quedas branco ainda inchado no vento, levandoo na direção dos portões do Kirov, o queixo enterrado no peito, o cabelo preto salpicado de cristais de gelo, o rosto lívido sob o luar. Ficamos imóveis, olhando-o aproximar- se. Tínhamos visto coisas naquele inverno que os olhos de ninguém jamais deveriam ver, achávamos que nada poderia nos surpreender, e se o alemão tivesse sacado sua Walther e começado a atirar, nenhum de nós teria conseguido fugir a tempo. Mas o morto continuou morto, e por fi m o vento cedeu, o pára-quedas se esvaziou, e ele caiu bruscamente na calçada, sendo arrastado por mais alguns metros de rosto para baixo em uma humilhação fi nal. Fizemos um círculo em volta do piloto. Grisha ajoelhouse e abriu o coldre do alemão.
— Walther PPK. Não falei?
Rolamos o alemão para que ele fi casse de costas. O rosto pálido estava ferido, a pele esfolada sobre o asfalto, as escoriações descoradas como a pele intacta. Os mortos não se ferem. Eu não conseguia dizer se ele havia morrido assustado, desafi ador ou sereno. Não havia traço de vida ou de personalidade em seu rosto — ele parecia um cadáver que tinha nascido como cadáver. Oleg tirou as luvas pretas de couro, enquanto Vera pegou o cachecol e os óculos de proteção. Encontrei uma bainha presa ao tornozelo do piloto e tirei dela uma faca de aço temperado, com um guarda-mão de prata e uma lâmina de corte único de quinze centímetros gravada com palavras que eu não conseguia ler sob a luz do luar. Recoloquei a lâmina na bainha e prendi-a ao meu próprio tornozelo, sentindo pela primeira vez em meses que meu destino de guerreiro estava fi nalmente se tornando realidade.
Oleg encontrou a carteira do morto e sorriu ao contar os marcos alemães. Vera embolsou um cronômetro, duas vezes
maior do que um relógio de pulso, que o alemão usava preso à manga de sua jaqueta de vôo. Grisha encontrou um par de
bi nóculos dobrados em um estojo de couro, dois carregadores extras para a Walther, e um pequeno cantil. Ele tirou a tampa, cheirou e me passou o cantil.
— Conhaque?
Tomei um gole e confi rmei com a cabeça.
— Conhaque.
— Quando é que você tomou conhaque para saber o gosto? — perguntou Vera.
— Já tomei antes.
— Quando?
— Deixa eu ver — disse Oleg, e o cantil passou pelo círculo, nós quatro de cócoras ao redor do piloto caído, tomando
aquela bebida que poderia ser conhaque, brandy ou Armagnac. Nenhum de nós sabia a diferença. Seja lá o que fosse, aquele líquido esquentava a barriga. Vera olhou fi xamente o rosto do alemão. A expressão dela não demonstrava pena, nem medo, apenas curiosidade e desprezo — o invasor tinha vindo jogar suas bombas sobre nossa cidade e em vez disso jogou a si mesmo. Não o tínhamos derrubado, mas nos sentíamos triunfantes mesmo assim. Mais ninguém no Kirov tinha encontrado o cadáver de um inimigo. Pela manhã seríamos o assunto do prédio de apartamentos.
— Como você acha que ele morreu? — perguntou ela.
Nenhum ferimento de bala manchava o corpo, não havia nenhuma parte chamuscada, nenhum sinal de qualquer violência. A pele estava pálida demais em comparação à dos vivos, mas nada a havia perfurado.
— Ele morreu congelado — eu lhes disse. Falei com autoridade porque eu sabia que era a verdade e não tinha como
provar. O piloto tinha saltado a milhares de metros acima de Leningrado à noite. O ar no nível do solo era frio demais para as roupas que ele estava usando; lá em cima, nas nuvens, fora de sua cabine quente, não teve chance.
Grisha ergueu o cantil, fazendo um brinde.
— Viva o frio.
O cantil começou a circular novamente. Ele nunca chegou em mim. Nós deveríamos ter ouvido o motor do carro a dois
quarteirões de distância, a cidade depois do toque de recolher erasilenciosa como a lua, mas estávamos ocupados tomando nossa bebida alemã, fazendo nossos brindes. Apenas quando o GAZ entrou na rua Voinova, os pneus pesados fazendo barulho sobre o asfalto, os faróis vindo na nossa direção, é que percebemos o perigo. A punição por violar o toque de recolher sem uma autorização era a execução sumária. A punição por abandonar uma posição dos bombeiros era a execução sumária. A punição por pilhagem era a execução sumária. Os tribunais não funcionavam mais; os policiais estavam no front, as prisões com apenas meia capacidade e diminuindo rapidamente. Quem tinha comida para
um inimigo do Estado? Se infringisse a lei e fosse pego, você seria morto. Não havia tempo para quaisquer sutilezas legais.
Então saímos correndo. Nós conhecíamos o Kirov melhor do que qualquer um. Se conseguíssemos ultrapassar os portões
do pátio e entrar na escuridão gélida do espaçoso prédio, ninguém poderia nos encontrar, mesmo que tivesse três meses
para procurar. Podíamos ouvir os soldados gritando para que parássemos, mas aquilo não importava; vozes não nos assustavam, apenas balas faziam diferença, e ninguém havia puxado um gatilho ainda. Grisha conseguiu chegar ao portão primeiro — ele era o mais próximo de um atleta entre nós —, pulou sobre as barras de ferro e içou-se sobre elas. Oleg seguia logo atrás, e eu estava bem atrás de Oleg. Nossos corpos eram fracos, os músculos retraídos pela falta de proteína, mas o medo nos ajudou a escalar o portão com mais rapidez do que nunca.
Perto do topo do portão eu olhei para trás e vi que Vera havia escorregado em uma camada de gelo. Ela olhou para mim,
os olhos arregalados e cheios de medo, apoiada sobre as mãos e joelhos enquanto o GAZ freava ao lado do corpo do piloto alemão e quatro soldados desciam. Eles estavam a uns seis metros de distância, empunhando fuzis, mas eu ainda tive tempo de pular sobre o portão e desaparecer dentro do Kirov. Gostaria de poder lhe dizer que a idéia de abandonar
Vera nunca passou pela minha cabeça, que minha amiga estava em perigo e que fui resgatá-la sem hesitar. Mas a verdade é que, naquele momento, eu a odiei. Eu a odiei por ter sido desajeitada na pior hora possível, por olhar para mim com seus olhos castanhos cheios de pânico, elegendo-me para ser seu salvador, muito embora Grisha tivesse sido o único que ela alguma vez beijou. Eu sabia que não poderia viver com a lembrança daqueles olhos implorando para mim, e ela sabia, também, e eu a odiei mesmo quando desci do portão com um pulo, levantei-a do chão e a puxei até as barras de ferro. Eu era fraco, mas Vera não chegava a pesar quarenta quilos. Eu a levantei sobre o portão enquanto os soldados gritavam e os saltos de suas botas estalavam sobre a calçada e seus fuzis eram engatilhados. Vera conseguiu passar por cima do portão e eu subi com difi culdade atrás dela, ignorando os soldados. Se eu parasse, eles se reuniriam ao meu redor, diriam que eu era um inimigo do Estado, me forçariam a ajoelhar e me dariam um tiro na nuca. Eu era um alvo fácil, mas talvez eles estivessem bêbados, talvez fossem rapazes da cidade como eu, que nunca tinham dado um tiro antes em suas vidas, talvez errassem de propósito porque sabiam que eu era um patriota e defensor da cidade e que eu tinha saído
furtivamente do Kirov apenas porque um alemão tinha caído de uma altura de seis mil metros na minha rua, e qual garoto russo de dezessete anos não sairia de fi ninho para dar uma espiada em um fascista morto?
Meu queixo estava nivelado com o topo do portão quando senti mãos enluvadas envolverem os meus tornozelos. Mãos
fortes, as mãos de soldados do Exército que faziam duas refeições por dia. Eu vi Vera correndo para dentro do Kirov, sem sequer olhar uma vez para trás. Tentei subir pelas barras de ferro, mas os soldados me arrastaram para baixo, me jogaram na calçada e fi caram sobre mim, os canos de seus fuzis Tokarev espetando o meu rosto. Nenhum dos soldados parecia ter mais do que dezenove anos e nenhum deles parecia relutante em espalhar os meus miolos pela rua.
— Esse aqui parece que vai cagar nas calças.
— Estava dando uma festa aqui, fi lho? Encontrou um pouco de aguardente?
— Ele vai ser bom para o coronel. Podemos colocá-lo junto com o Fritz.
Dois deles se curvaram, agarraram-me pelas axilas, sacudiram-me para que eu fi casse em pé, guiaram-me até o GAZ
e me empurraram para dentro, no banco de trás. Os outros dois soldados ergueram o alemão pelas mãos e pelos pés, jogando-o no carro ao meu lado.
— Para te esquentar — disse um deles, e todos riram como se fosse a piada mais engraçada do mundo. Eles se apertaram
dentro do carro e bateram as portas. Decidi que eu ainda estava vivo porque queriam me executar
em público, como um aviso para outros saqueadores. Alguns minutos antes eu tinha me sentido mais poderoso do que o
piloto morto. Agora, enquanto passávamos correndo pela rua escura, ziguezagueando para desviar das crateras de bombas e dos amontoados de entulho, ele parecia estar zombando de mim, os lábios pálidos como uma cicatriz dividindo seu rosto congelado. Estávamos indo na mesma direção.

Anjos das Sombras

Anjos das Sombras

Autor: Karleen Koen

Editora: Planeta do Brasil

Categoria: Literatura Estrangeira/ Romance/ Histórico

Sinopse: O ano é o de 1670. A Inglaterra, arrasada pela guerra civil, tenta se recuperar. Enquanto isso, nos bastidores do poder ouvem-se os passos de Alice Verney, a protagonista desta história. Nas sombras do poder, a verdade parece mais clara. Todo o luxo da escandalosa corte de Charles II, rei da Inglaterra, não é capaz de ofuscar os olhos e ouvidos da dama de honra Alice. Se há alguém experiente nos negócios da corte só pode mesmo ser ela. Depois de trabalhar como dama de honra da rainha Catherine, Alice agora serve à belíssima princesa Henriette, irmã do todo-poderoso rei Charles II, da Inglaterra, e mulher do príncipe francês, filho de Luís XIV, rei da França. Acostumada a viver às sombras do poder, Alice conhece a linguagem das fofocas, intrigas e vários outros jogos arriscados que alimentam os movimentos da realeza. Por um acaso, consegue que a sua ama e princesa prometa interceder em favor de seu casamento com o duque de Balmoral, cuja idade avançada não assusta quem deseja a todo custo tornar-se duquesa. Porém, o destino parece estar contra ela, e a princesa morre envenenada. Pelo menos é o que se diz pelos corredores. Junto com o velho duque e o jovem Richard Saylor, ela envereda por investigações extra-oficiais para desbaratar a conspiração que tomou conta do governo inglês. Mas a previsão não é das melhores. A rainha pode ser a próxima vítima. Mas quem acredita nela?

Resenha: Um livro de fofocas. Fútil? Nem um pouco.
    Bem, ler “Anjos das Sombras” foi fantástico! É um dos melhores livros que eu já li! Eu senti um pouco de dificuldade de ler no inicio porque logo de cara a autora já apresentou uma cambada de personagens e eu tenho um pouco de dificuldade em gravar os nomes, ou seja, fiquei um pouco perdida nos primeiros capítulos, porém isso não atrapalhou o meu entendimento.
     No começo do livro, tudo parece meio bobinho, flertes pra cá, fofocas aqui, festas ali, entretanto as coisas começam a mostrar o que realmente são.
     Além da historia fascinante, o livro conta muito da realidade da época, e isso é maravilhoso! Saber como era a vida da corte é muito interessante, o livro mostra que não era apenas de banquetes e festas que a nobreza vivia, e mesmo nessas ocasiões “festivas” rolava um intenso jogo político.
     O livro também dá uma verdadeira lição sobre o amor, em uma época que o mesmo era muito pouco valorizado.

Nota: 5/5

Escritor da Semana #2

Ali Shaw

     Ali Shaw nasceu em 1982 e cresceu em Dorchester, em Dorset. Ele estudou Literatura Inglesa e Escrita Criativa na Universidade de Lancaster, e desde então tem trabalhado na Livraria Bodleian de Oxford Biblioteca.Seu primeiro livro "A Garota dos Pés de Vidro" foi publicado no Brasil, Itália, Coréia, Estados Unidos, Reino Unido, Polônia e Suécia.
     No mometo Ali está terminando seu segundo romance.
     Site oficial (em inglês): http://www.alishaw.co.uk/
     Blog do Ali (em inglês): http://alishaw.co.uk/blog/

Desafio Literário 2011

DESAFIO LITERÁRIO
2011

Janeiro – Literatura Infanto-Juvenil
     A Garota da Terra do Vento – Crônicas do Mundo Emerso – Vol. I de Licia Troisi
     Luxo de Anna Godbersen
     A Marca de uma Lágrima de Pedro Bandeira

Fevereiro - Biografia e/ ou Memórias
      Mais Pesado que o Céu – Uma Biografia de Kurt Cobain de Charles R. Cross
      Alugo meu Corpo de Paula Lee
      Meu Nome não é Jonny de Guilherme Fiúza

Março - Obras Épicas
      Romeu e Julieta de William Shakespeare
      Ilíada de Homero
      Senhoras da Guerra de Orlando Paes Filho

Abril - Ficção Científica
      Neuromancer de Willian Gibson
      Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley
      Laranja Mecânica de Anthony Burgess

Maio - Livro-reportagem
      Diário de um Skinhead de Antonio Salas
      Rota 66 de Caco Barcellos
      Fama e Anonimato de Gay Talese

Junho - Peças Teatrais
      Bodas de Sangue de Federico Garcia Lorca
      Seis Personagens À Procura de Autor de Luigi Pirandello
      Longa Jornada Noite Adentro de Eugene O’Neill

Julho - Novos Autores
      O Cristo da Periferia de Jocelino Alves de Freitas
      O Prédio, o Tédio e o Menino Cego de Santiago Nazarian
      A Morte Sem Nome de Santiago Nazarian

Agosto - Clássicos da Literatura Brasileira
      Dom Casmurro de Machado de Assis
      Senhora de José de Alencar
      Memórias de um Sargento de Milícias de Manuel Antonio de Almeida

Setembro - Autores Regionais (GO)
      O Tronco de Bernardo Élis
      Lugar Comum e Outros Poemas de Heleno Godoy
      O Risonho Cavalo do Príncipe de José J. Veiga

Outubro - Nobel de Literatura
      Travessuras da Menina Má de Mario Vargas Llosa
      Peixe Dourado de Jean-marie Gustave Le Clezio
      O Compromisso de Herta Müller

Novembro - Contos
      Contos Clássicos de Vampiro de Stoker Byron
      O Gato Preto e Outros Contos de Edgar Allan Poe
      V. Woolf – Contos Completos de Virginia Woolf

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Bem, pra quem não sabe o que é o desafio literário e ficou curioso, tah aqui o link do blog: http://desafioliterariobyrg.blogspot.com/

18 de nov. de 2010

Aviso

     Bem, eu sei que o Infinitas Palavras ficou um pouco abandonado durante essas duas semanas, é que aconteceram umas coisas durante esses dias, e foi por causa disso que durante essas duas semanas não teve o"Writer of the Week".
     Peço desculpas por isso, sei que um blog é uma coisa seria,e exige responsabilidade, porém as vezes acontecem coisas e devemos lidar com elas.
     Bem, essa demana o "Writer of the Week" vai sair no domingo, mais dessa vez vai sair!XD
     Até. . . .

A Garota dos Pés de Vidro

A Garota dos Pés de Vidro

Autor: Ali Shaw

Editora: Leya Brasil

Categoria: Literatura Estrangeira/ Romance/ Fantasia

Sinopse: Cenários cinematográficos, paisagens paradisíacas, pântanos congelados com animais transformados em vidro, florestas
brancas, penhascos monocromáticos, um oceano de baleias, lendas e águas-vivas. Este é o universo fantástico de Ali Shaw, autor britânico que renova as fábulas e cria uma inusitada história de amor. Midas é um tímido fotógrafo ilhéu. Ida é uma jovem aventureira que vem ao arquipélago de Saint Hauda's Land buscar a cura para sua misteriosa doença. Ela está se transformando em vidro e juntos buscam uma solução. O que eles mais precisam é de tempo - e o tempo está passando rápido. Será que vão encontrar uma maneira de evitar a propagação do vidro?

Resenha: Decepcionante. É a primeira coisa que me vem a cabeça quando eu penso no livro “A Garota dos Pés de Vidro”. O livro tinha tudo para dar certo, um mundo fantástico na verdade, porém, esse mundo não foi explorado o suficiente.
     Teve três pontos, na minha opinião, que deixaram a desejar
  1. O gado alado: os pequenos boizinhos voadores ficaram sem função nenhuma no livro, claro, foi um meio de ligar a Ida com o Henry, mais tirando isso eles não servem para mais nada. Eles deveriam tem alguma outra função, isso teria tornado as coisas mais interessantes.
  2. A criatura que transforma tudo que olha em branco: isso foi a coisa mais sem sentido do livro! Claro que devido a essa criatura é que o arquipélago de Saint Hauda’s Land ganha um ar de lugar misterioso, porem, a criatura não tem utilidade nenhuma. Assim como o gado alado, ela deveria ter ganhado um destaque maior. 
  3. A transformação em vidro: o livro não explicou porque as pessoas se transformam em vidro! Custava explicar porque isso acontece?
     Bem, eu sei que pelo que eu to falando o livro parece ser uma bosta, mais não é, é apenas decepcionante. Eu esperava muito mais de uma historia que tem um tema tão legal! Tipo, a pessoa tem que ser um gênio para poder inventar isso, quem mais imaginaria vacas em miniatura que voam?! Uma criatura que transforma tudo que olha em branco?! E uma garota que se transforma em vidro?! Eu pelo menos não conseguiria criar nada do gênero.
     Para mim, a leitura foi maçante, a história teve apenas dois pontos altos, sendo que o segundo deles foi justamente o final.
  
Nota: 2/5