30 de out. de 2010

Escritor da Semana #1

     Bem, para comemorar a nova cara do Infinitas Palavras, eu vou fazer um post sobre Marina Nemat. Na verdade agora todos os sabádos vai haver um post sobre um escritor que ja teve algum livro comentado aqui no blog. Então... espero que gostem, e para quem leu o post "Prisioneira em Teerã" e se interessou pelo livro, pode ficar tranquilo, as informações desse post não interferem na leitura do livro e podem ser encontradas no site oficial da escritora.

Marina Nemat

     Marina Nemat nasceu em 1965 em Teerã no Irã. Após a Revolução Islâmica de 1979, ela foi presa com dezesseis anos, e passou mais de dois anos em Evin, onde foi torturada e quase executada. Marina então foi para o Canadá em 1991, terra que passou a chamar de lar. Seu livro, Prisioneira em Teerã, foi publicado em mais de 20 países, entre eles Brasil, Grécia, Espanha e Alemanha. Além de “Prisioneira em Teerã”, Marina publicou outro livro, “Depois de Teerã, Uma Vida Regenerada”, “After Tehran: A Life Reclaimed” no original, em setembro de 2010.

Site oficial (em inglês): http://www.marinanemat.com/index.html

27 de out. de 2010

Prisioneira em Teerã

Prisioneira em Teerã

Autor: Marina Nemat

Editora: Planeta do Brasil

Categoria: Literatura Estrangeira/ Biografias e Memórias

Sinopse: Era o tempo da brutal Revolução Islâmica do aiatolá Khomeini. Marina Nemat tinha apenas dezesseis anos quando foi presa pela Guarda Revolucionária do Irã por ter iniciado uma greve escolar. Levada para Evin, a temida prisão política de Teerã, foi torturada e condenada à morte. Mas um interrogador se apaixonou por ela e salvou-a do fuzilamento. Nessas memór ias, tão terríveis que parecem ficção, Marina faz um relato desconcertante do horror e da ternura vividos entre 1982 e 1984. Por mais de vinte anos, ela tentou esquecer. Foi impossível. "Prisioneira em Teerã" põe fim a seu longo e angustiado silêncio.

Resenha: Esse foi o primeiro livro de memórias que eu li, com ele eu aprendi a não julgar um livro pelo gênero, pela sua classificação.
     Quando eu comecei a ler “Prisioneira em Teerã”, eu achei que o livro ia ser monótono, chato, afinal, que graça tinha ficar lendo as memórias de alguém?! Bem, ao terminar de ler o livro a pergunto mudou. Qual é a graça de não ler as memórias de alguém?!
     Sempre pensamos “Uau! Queria ser um herói, um mártir. Queria poder fazer diferença em alguma coisa!” E com isso, pensamos que conseguir com que nosso nome seja escrito nas páginas dos livros de história seja algo fácil, porém não é. Fazer a diferença é algo que exige muitos sacrifícios, muitos dos quais não estamos dispostos a fazer, porém, somos obrigados a fazê-los.
     E foi assim com Marina Nemat. Talvez seu nome não esteja escrito nos livros de história, entretanto, ela esta nas listas de intermináveis prisioneiros políticos do Irã.
    Ela contou os horrores de Evin.
    Evin. Quem já ouviu falar de Evin?! Ninguém! Pelo menos a maioria das pessoas não sabe o que é Evin. Bem, Evin é uma prisão iraniana que fica em Teerã, lá, coisas terríveis acontecem, porém não cabe a mim contar o que acontece lá, não cabe a mim contar como é ter os pés açoitados, e não cabe a mim contar como é ver pessoas morrerem.
     “Prisioneira em Teerã” é um livro que me prendeu do início ao fim, cada página cativa, e cada momento da vida de Marina parece ser o ultimo, nunca se sabe o que pode acontecer na próxima página. Isso é fascinante.
     Bem, no meu intimo eu desejava que Marina passasse a amar Ali, o que não aconteceu, afinal, “Prisioneira em Teerã é  historia de uma pessoa real, ñ é um livro de ficção.
    “Prisioneira em Teerã”, é um livro incrível, que conta parte da vida de uma mulher excepcional chamada Marina Nemat.

Nota: 5/5

Até...

O Bom Soldado

 O Bom Soldado

Autor: Ford Madox Ford 

Editora: Alfaguara

Categoria: Literatura Estrangeira/Romance

Sinopse: Em O bom soldado, John e Florence Dowell são americanos bem-sucedidos que, em viagem pela Europa, tornam-se amigos íntimos de um casal inglês que à primeira vista parecem exemplares. Edward Ashburnham, ex-militar, é o perfeito cavalheiro britânico, e a elegante Leonora, uma esposa ideal. Mas, por baixo das aparências, ambos escondem um casamento repleto de infelicidade e traições.

Resenha: Acho que a coisa mais interessante nesse livro é como a história é contada, pois ela não segue uma ordem cronológica, e também, nos é permitido ver um mesmo acontecimento por vários pontos de vista.
     Devo admitir que o livro me deixou confusa em vários pontos e tive de rele-los novamente, pois o narrador, John Dowell, põe em duvida grandes partes da história, e nos deixa tirar nossas próprias conclusões.
     Um dos pontos fortes que merece destaque é como Modox Ford apresenta a parte sentimental das personagens. Há momentos em que de tão reais que eram os sentimentos de Leonora eu julgava ser ela.
     De forma geral, O Bom Soldado é um romance que deve ser lido, ou seja, é um livro excepcional.

 Nota: 3/5
 


Trecho: Esta é a história mais triste que já ouvi. Já conhecíamos os Ashburnham há nove temporadas da cidade de Nauheim com
uma extrema intimidade — ou melhor, com um relacionamento tão solto e fácil e ao mesmo tempo tão próximo quanto
o de uma boa luva com a mão. Minha esposa e eu conhecíamos o capitão e a sra. Ashburnham o melhor que se pode conhecer alguém e, no entanto, em certo sentido, não sabíamos nada sobre eles. Acredito que esse é um estado de coisas só possível com ingleses sobre os quais, ainda hoje, quando me ponho a matutar sobre o que sei dessa triste história, eu não
sabia absolutamente nada. Seis meses atrás, eu nunca havia estado na Inglaterra e, com toda a certeza, nunca havia sondado as profundezas de um coração inglês. Conhecia os rasos.
Não quero dizer que não conhecêssemos muitos ingleses. Vivendo, como forçosamente vivíamos, na Europa, e sendo, como forçosamente éramos, americanos desocupados, o que equivale a dizer que éramos não-americanos, nos vimos lançados à sociedade dos melhores ingleses. Paris, você sabe, era a nossa cidade. Algum lugar entre Nice e Bordighera nos provia anualmente de acomodações de inverno, e Nauheim sempre nos recebia de julho a setembro. Dessas declarações você pode concluir que um de nós dois tinha, como se diz, um “coração fraco” e, da declaração de que minha esposa morreu, que era ela a paciente.
O capitão Ashburnham também tinha o coração fraco. Mas enquanto o mês e pouco passado anualmente em Nauheim o afinava ao tom exato para o resto dos doze meses, os quase dois meses eram apenas o suficiente para manter a pobre Florence viva de um ano para outro. A razão para o coração fraco dele era, ao que tudo indica, o pólo, ou o excesso de esportes pesados na juventude. A razão para os anos comprometidos da pobre Florence era uma tormenta no mar em nossa primeira viagem à Europa, e as razões imediatas para nosso aprisionamento naquele continente foram ordens médicas. Eles disseram que mesmo a curta travessia do Canal poderia matar a coitadinha.
Quando nos conhecemos, o capitão Ashburnham, em licença de saúde de seu posto na Índia, ao qual nunca voltaria, tinha trinta e três anos; a sra. Ashburnham — Leonora —, trinta e um. Eu tinha trinta e seis e a pobre Florence, trinta. Assim, hoje Florence teria trinta e nove e o capitão Ashburnham, quarenta e dois; enquanto eu tenho quarenta e cinco e Leonora, quarenta. Você vai perceber, portanto, que nossa amizade foi uma questão do começo da meia-idade, uma vez que éramos
todos de temperamento bem tranqüilo, sendo os Ashburnham mais particularmente o que na Inglaterra é costume chamar de quite good people, “gente muito boa”.
Eram descendentes, como você provavelmente deve ter concluído, dos Ashburnham que acompanharam Charles I ao
patíbulo, mas, como você também deve ter concluído, em se tratando desse tipo de ingleses, isso era coisa que não se notava. A sra. Ashburnham era uma Powys; Florence era uma Hurlbird de Stamford, Connecticut, onde, como você sabe, são mais antiquados do que até mesmo os moradores de Cranford, Inglaterra, poderiam ser. Eu próprio sou um Dowell, da Filadélfia, Pensilvânia, onde, coisa que é historicamente verdadeira, existem mais famílias inglesas antigas do que se encontraria em seis condados ingleses juntos. De fato, trago comigo, como se fosse a única coisa a me dar uma âncora invisível a algum ponto do globo, a escritura de minha fazenda, que um dia cobriu diversos quarteirões entre as ruas Chestnut e Walnut. Essa escritura era em dinheiro wampum, concessão de um chefe indígena ao primeiro Dowell, que partiu de Farnham, em Surrey, na companhia de William Penn. O pessoal de Florence, como é tantas vezes o caso com moradores de Connecticut, vem das cercanias de Fordingbridge, onde fica a casa dos Ashburnham. É aqui que, neste momento, estou escrevendo.
Você pode perguntar por que escrevo. E no entanto minhas razões são muitas. Porque não é raro seres humanos que testemunharam o saque de uma cidade ou o desmoronar de um povo terem o desejo de registrar o que testemunharam
em prol de herdeiros desconhecidos ou de gerações infinitamente remotas; ou, se quiser, só para tirar a imagem da cabeça.
Alguém já disse que um rato morrer de câncer equivale a todo o saque de Roma pelos godos, e juro a você que o rompimento de nosso relacionamento a quatro foi um desses eventos impensáveis. Suponhamos que você tivesse nos visto sentados juntos a uma das mesinhas na frente do clube, digamos, em Homburg, tomando chá uma tarde e assistindo ao minigolfe; você diria que éramos um castelo excepcionalmente seguro. Éramos, se quiser, um daqueles altos navios com velas brancas sobre o mar azul, uma daquelas coisas que parece a mais orgulhosa e mais segura de todas as coisas belas e seguras que Deus permitiu que pensasse a mente do homem. Que melhor lugar para alguém se refugiar? Que melhor lugar?
Permanência? Estabilidade? Não posso acreditar que se acabaram. Não posso acreditar que aquela vida longa, tranqüila,
que era como dançar um minueto, desapareceu em quatro dias esmagadores ao fim de nove anos e seis semanas. Juro mesmo, nossa intimidade era como um minueto, simplesmente porque em toda ocasião possível e em todas as circunstâncias
possíveis sabíamos para onde ir, onde sentar, qual mesa devíamos escolher com unanimidade; e podíamos nos levantar e ir embora, os quatro juntos, sem nem um sinal de nenhum de nós, sempre ao som da música da orquestra Kur,* sempre ao sol temperado ou, se chovia, em abrigos discretos. Não mesmo, isso não pode ter acabado. Não se mata um minuet de la cour.** Pode-se silenciar a caixa de música, fechar a harpa; nos armários e guarda-roupas os ratos podem destruir as prendas de cetim branco. A multidão pode saquear Versalhes; o Trianon pode cair, mas sem dúvida o minueto, o minueto em si está se dançando por si só nas estrelas mais distantes, assim como o nosso minueto dos locais de banho de Hesse ainda deve estar se dançando. Não existe nenhum céu onde velhas danças bonitas, velhas intimidades bonitas se prolongam? Não existe nenhum Nirvana permeado pela tênue emoção de instrumentos que caíram em poeira de madeira roída por cupins, mas que ainda tivessem frágeis, trêmulas e eternas almas?
Não, por Deus, isso é falso! Não era um minueto em que entrávamos; era uma prisão, uma prisão cheia de gritos histéricos, de tal forma atados para que não pudessem superar o som das rodas de nossa carruagem quando passávamos pelas sombreadas avenidas da Taunus Wald.
E, no entanto, eu juro pelo sagrado nome de meu Criador que era verdade. Era verdadeira luz solar; verdadeira música; verdadeiro jorrar de fontes da boca de golfinhos de pedra. Pois se para mim nós éramos quatro pessoas com os mesmos gostos, com os mesmos desejos, representando, ou, não, não representando, sentadas aqui e ali unanimemente, isso não é a verdade? Se por nove anos possuí uma maçã boa que está podre por dentro e descubro sua podridão só quatro dias antes de completar nove anos e seis meses, não será verdadeiro dizer que por nove anos possuí uma maçã boa? Assim pode muito bem ser com Edward Ashburnham, com Leonora, sua mulher, e com a pobre e querida Florence. E, se você pensa bem na coisa, não é meio estranho que a podridão física de pelo menos duas colunas de nossa casa de quatro nunca se tenha apresentado a mim como uma ameaça à sua segurança? Não é assim que se apresenta para mim agora, embora os dois
estejam efetivamente mortos. Não sei...
Não sei nada, nada neste mundo, do coração dos homens. Só sei que estou sozinho, horrivelmente sozinho. Nenhuma
lareira jamais verá de novo, para mim, uma relação de amizade. Nenhuma sala de fumar jamais será outra coisa senão povoada por incalculáveis simulacros entre volutas de fumaça. Porém, em nome de Deus, o que sei eu se não souber
o que é a vida diante da lareira e na sala de fumar, uma vez que minha vida inteira passei nesses lugares? A lareira quentinha! Bem, havia Florence: acredito que pelos doze anos que durou sua vida depois da tormenta que parecia ter enfraquecido irremediavelmente seu coração, não acredito que ela tenha ficado um minuto longe de minhas vistas, a não ser quando estava bem acomodada na cama e eu tinha de ficar no andar de baixo, falando com uma pessoa ou outra em alguma sala de estar, ou de fumar, ou dando minha última tragada num charuto antes de ir para a cama. Eu não culpo Florence, você entende? Mas como ela podia saber o que sabia? Como ela chegou a saber daquilo? Saber tão bem. Nossa! Não parecia haver tempo para isso. Devia ser enquanto eu tomava meus banhos, e fazia minha ginástica sueca, fazia as unhas. Vivendo a vida que eu vivia, de enfermeiro empenhado, esforçado, tinha de fazer alguma coisa para me manter em forma. Deve ter sido nesses momentos! Porém nem mesmo isso pode ter dado tempo suficiente para as conversas tremendamente longas, cheias de sabedoria mundana que Leonora me relatou depois da morte deles. E é possível imaginar que, durante nossos passeios a conselho médico em Nauheim e pela vizinhança, ela tenha encontrado tempo de estabelecer as demoradas negociações que efetivamente estabeleceu com Edward Ashburnham e sua esposa? E não é incrível que durante todo esse tempo Edward e Leonora nunca tenham pronunciado uma palavra para o outro em particular? O que se pode pensar da humanidade?

7 de out. de 2010

A Farsa

A Farsa

Autor: Christopher Reich

Editora: Sextante

Categoria: Literatura Estrangeira/ Policial

Sinopse: Durante uma escalada nos Alpes suíços, o cirurgião Jonathan Ransom e sua bela esposa, Emma, são surpreendidos por uma avalanche. Na tentativa de buscar abrigo contra uma tempestade iminente, ela fratura a perna, cai em uma greta e morre.
Vinte e quatro horas depois, Jonathan recebe um misterioso envelope endereçado à mulher contendo dois recibos de bagagem de uma longínqua estação de trem. Ao resgatar as malas, ele é surpreendido por dois homens que tentam tirá-las de suas mãos. Durante a briga, o médico acaba matando um deles e deixando o outro gravemente ferido - e só então descobre que eram policiais.
No meio desse turbilhão de acontecimentos, ele jamais poderia imaginar que a situação ficaria ainda pior. Ao abrir as malas, Jonathan descobre estranhos objetos que revelam a verdadeira identidade de Emma: uma agente secreta envolvida em atos terroristas e espionagem internacional.
Procurando desesperadamente compreender os fatos e salvar a própria vida, ele se torna alvo de uma perseguição implacável, tomando parte em uma conspiração que coloca em risco a humanidade.
Sua chance de sobreviver é descobrir a realidade por trás da enigmática Emma, que, sob a fachada de enfermeira da ONG Médicos Sem Fronteiras, tinha ligações com terrorismo, manipulação de urânio e tentativas de destruição de Israel.
Aclamado pelos críticos como um novo mestre do suspense, Christopher Reich mescla personagens e fatos surpreendentes nesta trama de espionagem cheia de reviravoltas, aventuras e intrigas.

Resenha: “A Farsa” é um livro... Legal. Eu achei o inicio meio fraco e chato, porém ao longo das páginas a história vai ficando mais emocionante e empolgante, principalmente depois que o Jonathan deixa a Simone para seguir sua jornada em busca de provas para provar sua inocência sozinho.
     Esse foi o primeiro livro que trata de espionagem que eu li, e foi interessante ver como funciona a vida dos agentes, resumindo, foi legal ficar “por dentro” do mundo da espionagem.
     Outra coisa bastante legal presente em “A Farsa” são os sentimentos do Jonathan durante todo o decorrer do livro. O amor, a dor da perda, a duvida, são esses sentimentos que dão “algo” em cada página.
     O livro também retrata a rivalidade Estados Unidos-Irã, e toda a questão das armas nucleares e o enriquecimento de urânio. O engraçado é que na semana passada, antes de eu começar a ler “A Farsa”, o professor de química falou sobre as armas nucleares e sobre o Irã.
     Bem, “A Farsa” é um bom livro pra quem gosta de espionagem e guerras, recomendo.
     Até...

Nota: 3/5

OBS: "A Farsa" tem uma continuação intitulada "A Vingança"

4 de out. de 2010

Aquisições

Bem, dia 27 do mês passado eu comprei uns livros na livraria Saraiva pela internet (na verdade foi a minha primeira compra pela net! XD!), e eles chegaram no dia primeiro!

São eles:

  • Anjos das Sombras de Karlen Koen
  • Prisioneira em Teerã de Marina Nemat
  • O Bom Soldado de Ford Madox Ford
  • Cidade de Ladões de David Benioff
  • O Ano em que Trafiquei Mulheres de Antonio Salas
Até...