19 de mar. de 2011

Museu de Tudo

João Cabral de Melo Neto
Alfaguara
Literatura Nacional/ Poesia
166 páginas

Publicado em 1975, Museu de tudo é um livro que impressiona pela variedade temática. Em uma análise preliminar, foge ao estilo de João Cabral de Melo Neto: seus livros anteriores eram sempre pensados de uma forma integrada, coesa. Neste, por outro lado, o autor pernambucano seleciona oitenta poemas aparentemente díspares, alguns escritos tempos atrás, e os agrupa neste "museu". "É depósito do que aí está,/ se fez sem risca ou risco", escreve ele, nos versos que abrem o volume.
Mas se Museu de tudo não segue uma estrutura rigorosa, se "(...) não chega ao vertebrado/ que deve entranhar qualquer livro", isso não o torna uma obra menos complexa ou menos rigorosa. Nela, podemos ver o universo de João Cabral sendo trabalhado e retrabalhado, com novas imagens e abordagens para temas já consagrados, em um contínuo esforço na apuração de seus versos. Em suas páginas, o poeta rende homenagem a amigos, como Vinicius de Moraes, Marques Rebelo e Manuel Bandeira, e a artistas admirados - Mondrian, Rilke e Proust - e suas obras. Mas outros motivos frequentes no universo cabralino aparecem entre os que falam do amor pelo futebol, da aspirina - que o poeta sempre tomou contra uma dor de cabeça crônica, de Pernambuco com suas casas-grandes e seus canaviais, de Sevilha e de sua passagem pela África como embaixador. Ou ainda discutem o tempo e a função da poesia, retomando questões que sempre lhe foram caras.


   Bem... Eu não sei como avaliar “Museu de Tudo”, foi o primeiro livro de poemas que eu já li e eu não entendi muitos dos poemas devido ao fato de não estar acostumada a esse tipo de leitura. Entretanto, eu gostava bastante da leitura quando eu conseguia entender as poesias.
   Então, no momento, eu sou incapaz de ter alguma opinião, talvez eu seja capaz de expressar uma quando eu ler o livro uma segunda vez.
   Segue então duas das poesias que eu gostei e entendi:

“Estátuas jacentes

1.
Certas parecem dormir
de um sono empedernido
que gelasse seu sangue,
veias de arame rígido;

e que veias de ferro
lhe fossem interno cárcere,
aprisionando o corpo
entre enramadas grades.

2.
Outras como que dormem
do sono empedernido,
mas não interno, externo,
ou de um sono vestido;

estão como vestidas
de sua morte, engomadas,
dentro de seus vestidos
duros, emparedadas.”

Página 48

“Habitar o flamenco

Como se habita uma cidade
se pode habitar o flamenco:
com sua linguagem, seus nativos,
seus bairros, sua moral, seu tempo.

A linguagem: um falar com coisas
e jamais de oito mas do oitenta;
seus nativos: toda uma gente
que existe espigada e morena;

seus bairros: todos os sotaques
em que divide seus acentos;
sua moral: a vida que se abre
e se esgota num estante intenso;

seu tempo: borracha que estica
em segundos de passar lento,
lento de sesta, sesta insone
em que se está aceso e estremo.”

Página 89

3/5

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